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Psicovid19

Saúde mental em tempos de pandemia

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Saúde mental em tempos de pandemia

A Medicina como uma Ciência Social

24.03.20

“Those who cannot remember the past are condemned to repeat it.”
(George Santayana, 1905)

A actual pandemia Covid-19, como outros grandes desafios à humanidade, é um convite a reflexão colectiva. Não será agora o momento mais oportuno, mas, mais cedo do que tarde, um conjunto de perguntas necessitará de resposta: "Como chegámos aqui"; "O que poderemos fazer para prevenir situações semelhantes"; e, talvez a mais importante, "O que nos mostra a História sobre isto".

Aos profissionais de saúde e outros ligados às ciências da vida não será estranho o nome de Rudolf Virchow: médico alemão do século XIX, pioneiro da patologia, entre muitos outros contributos. Talvez o seu mais importante legado tenha sido a afirmação da Medicina como uma Ciência Social. Em 1847-8 deslocou-se em missão a um território prussiano, a Silésia do Norte, para estudar um surto de tifo epidémico (doença que, até 1950, causou óbitos em Portugal). Verificando as condições de insalubridade em que vivia a maioria da população, as conclusões do seu relatório foram cristalinas, embora à data polémicas: "...a resposta para a prevenção de futuros surtos nesta região é bastante simples: educação, em conjunto com as suas filhas, a liberdade e o bem-estar social."

Só ficará surpreendido por esta pandemia quem opte por ignorar a pressão da espécie humana sobre o planeta em que vive, ou queira minimizar a estreita relação entre anormal distribuição de riqueza e saúde das populações, bem como a clivagem social que daí decorre, com consequências negativas sobre a própria democracia. Resta-nos, nos próximos tempos, um esforço social colectivo para que o Covid-19 seja uma "inoculação" com menos "efeitos secundários" que outras pandemias da história recente da humanidade, e esperar que algumas das lições que ele deixará perdurem na memória, não apenas imunológica, mas colectiva.

 

Nuno Madeira

 

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