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Psicovid19

Saúde mental em tempos de pandemia

Psicovid19

Saúde mental em tempos de pandemia

“Se não existisse o SNS, não imagino como estaríamos”

18.04.20

Perturbação Obsessivo Compulsiva em Tempos de Pandemia - um guia para clínicos

17.04.20

Em tempos difíceis como aqueles que vivemos hoje, é possível que as pessoas que sofrem de doença psiquiátrica sintam um agravamentos dos seus sintomas e tenham também mais dificuldade em obter os cuidados de saúde habituais. As pessoas com doença obsessivo-compulsiva encontram-se numa situação de particular vulnerabilidade pelo que o Colégio Internacional da Perturbação Obsessivo Compulsiva (ICOCS) e o Obsessive-Compulsive Research Network (OCRN) of the European College of Neuropsychopharmacology elaboraram um documento de consenso sobre as melhores práticas clínicas em tempo de COVID-19. Resumimos aqui os principais pontos:

  1. Adoptar uma abordagem tranquilizadora e empática. O impacto da pandemia é muito variável em diferentes regiões do mundo;
  2. Realizar uma cuidadosa colheita da história clínica no sentido de confirmar o diagnóstico. Nesta situação pandémica, as pessoas podem experienciar o agravamento/reativação de doenças prévias ou o desenvolvimento de sintomatologia de novo; deve ser dada particular atenção às comorbilidades neste período;
  3. Deve avaliar-se o risco de suicídio, nomeadamente em pessoas com comorbilidades;
  4. Deve ser disponibilizada psicoeducação acerca dos riscos e impactos da COVID-19 na saúde física e mental;
  5. Avaliar o uso de internet e o consumo de notícias; deve promover-se hábitos equilibrados (30 minutos de amnhã e 30 minutos à noite) para estar informado acerca da pandemia; devem sugerir-se fontes válidas para evitar mitos, rumores e desinformação;
  6. Se a Perturbação Obsessivo-Compulsiva for o problema de saúde principal sugere-se:
    1. Rever a medicação (SSRI 1, depois SSRI 2, depois adicionar Clomipramina, sempre em doses terapêuticas); considerar antipsicótico em baixa dose; assegurar que existe uma boa adesão; gerir problemas de sono.
    2. Rever o plano de psicoterapia cognitivo-comportamental; na fase pandémia pode verificar-se a necessidade de suspender temporariamente a Terapia de Exposição e Prevenção de Resposta.
    3. Pode verificar-se a necessidade de adiar a implementação de estimulação cerebral profunda.
    4. Recomenda-se a implementação de planos sócio-ocupacionais que incluam a prática diária de exercício físico.
    5. Deve ser dado suporte aos familiares das pessoas com doença sempre que necessário.

O luto em tempos de pandemia

14.04.20

A morte não dá tréguas, especialmente nos tempos de crise como a que estamos a viver. No processo da morte por estes tempos, aquando da hospitalização, não há direito a visitas ficando as despedidas impossibilitadas. São mortes mais solitárias. E a regra é igual para todos.

Os rituais fúnebres também sofreram alterações nas suas rotinas. Um funeral oferece um lugar de reunião para a expressão culturalmente aceite de emoções relacionadas com a perda. Marca uma transição, enfatizando a irreversibilidade da morte. Simultaneamente, fornece um ponto de partida para recuperação e renovação. Além disto, os rituais pós-morte podem tornar-se veículos úteis nos processos de transformação, transição e continuidade - processos que formam a base do ajuste e recuperação após o luto. Faz sentido supor que uma despedida de um ente querido que seja sentida como satisfatória facilite a aceitação da perda.

Segundo um estudo publicado em 2019 sobre a facilitação do luto através dos rituais fúnebres, aparentemente, as pessoas continuam a recordar o funeral de um ente querido com uma perceção positiva, mesmo passados muitos anos. A grande maioria dos participantes relatou também que a organização do período em torno do funeral foi importante para processar sua perda. Outro estudo  de 2000 afirmou que a avaliação de um funeral como reconfortante estava relacionado a menores dificuldades no ajuste ao luto.

Desde o inicio da pandemia, após a morte, o corpo tem uma preparação especial  e os caixões são fechados e selados para evitar o contágio pós-morte. Durante o funeral os familiares e amigos não tem possibilidade de ver o corpo, deverão conservar uma distância de segurança de todos os participantes de cerca de 2-3 metros, existem restrições relativamente ao número de pessoas presentes na cerimónia, reservando-a para as pessoas mais próximas do falecido. Pessoas mais vulneráveis, como as consideradas parte dos grupos de risco e outras que tenham sintomas ou convivam com quem tem sintomas de COVID-19 são fortemente encorajadas a não participar. Além disto, as restrições relacionadas com a deslocação de pessoas podem provocar a sensação de impotência entre os que não podem estar com o ente querido que faleceu e com a restante família para a confortar. Estar em proximidade física com amigos ou família ajuda na produção de hormonas de bem-estar, como ocitocina, dopamina e serotonina. Esta não despedida do ente querido pode provocar sentimentos de culpa e impotência nos familiares. Sendo o processo de luto violento por si só e potencialmente traumático, o suporte que o contacto social permite não vai existir, o que talvez torne mais difícil ultrapassar a perda.

As comunidades religiosas, muitas vezes associadas a este tipo de rituais, tiveram também de alterar as suas rotinas. Há a exigência de criatividade e em alguns locais são celebradas cerimónias online , embora sem o calor que o conforto de um abraço ou um beijo podem ter.

Se estiver a passar por uma situação de luto, deixo algumas sugestões que podem ajudar no alívio do sofrimento e na integração da perda:

  • Mantenha-se em contacto com pessoas próximas;
  • Não reprima as suas emoções. É natural sentir tristeza, raiva, culpa, frustração. É natural ter vontade de chorar.
  • Lembre-se que todos temos tempos e necessidades diferentes para lidar com o luto.
  • Encontre uma forma de homenagear a memória da pessoa que morreu
  • Tente a pouco e pouco envolver-se nas suas atividades e cuide de si.

Caso sinta que o sofrimento está a ser demasiado para si e que poderá estar a ter sintomas que dificultam o seu funcionamento diário procure ajuda de um profissional especializado em psicologia ou psiquiatria.

Se conhece alguém que está a passar por uma situação de luto, aproxime-se da pessoa através das novas tecnologias, mostre-se presente e preste o apoio possível.

Vivem-se sentimentos de uma certa cumplicidade, comunhão e solidariedade pelo facto de todos estarmos na mesma situação. Somos uma comunidade, o que de certa forma nos faz sentir menos sozinhos.

 

Sónia Farinha Silva

O impacto do isolamento nas perturbações do comportamento alimentar

13.04.20

O novo coronavirus chegou e em bem pouco tempo virou o mundo de pernas para o ar. Não bastasse o isolamento social e todos os danos daí resultantes, vivemos ainda na incerteza e imprevisibilidade da data do retorno à normalidade. Assim, cinco semanas passadas desde o primeiro caso identificado em Portugal, é já possível começar a sentir alguns dos estragos na nossa saúde mental. 

Um artigo publicado em Fevereiro deste ano na Lancet descreve, de forma bastante clara, o impacto do isolamento na saúde mental. Os sintomas mais comummente descritos são os depressivos, ansiosos, de stress pós-traumático, perturbações do sono e irritabilidade, apontando-se como principais factores de stress a duração da quarentena, o medo de contrair a infecção, o tédio, a frustração, a escassez de bens essenciais, a insuficiência ou desadequação da informação sobre a doença, a perda financeira e o estigma. 

Entre os factores de risco para pior outcome psicológico durante o período de isolamento social, destaca-se, entre outros, a história pessoal de doença psiquiátrica, associada também a mais sintomas de ansiedade e sentimentos de raiva após a quarentena.

As pessoas com história de perturbação do comportamento ou alimentar ou padrões alimentares disfuncionais,  representam, nesta altura, um grupo particularmente vulnerável. De facto, verifica-se agora um risco elevado de recaída ou agravamento da sua patologia, não só pelo medo da infecção, mas também pelo impacto da quarentena (nas suas diversas vertentes) e pelas barreiras ao acesso aos cuidados de saúde durante a pandemia.

O medo constante de poder ser infectado pode aumentar a sensação de falta de controlo - que em pessoas com perturbações do comportamento alimentar frequentemente despoleta alguns comportamentos na procura da reaquisição da sensação de controlo - , podendo resultar assim no aumento das restrições alimentares ou de comportamentos extremos de tentativa de controlo de peso (p.e. vómito provocado, uso de laxantes…). Esta sensação de falta de controlo e de constante ansiedade pode também resultar numa maior frequência ou intensidade dos episódios de binge eating – episódios em que a pessoa come de forma excessiva e descontrolada, uma quantidade de alimentos considerada exagerada pela maioria das pessoas e que terminam apenas quando se atinge um estado de intenso desconforto físico.  

Por outro lado, o estado de emergência, quer pelo isolamento social, quer pela restrição da liberdade de circulação a ele associados, pode contribuir também para a manutenção ou agravamento da psicopatologia associada às perturbações do comportamento alimentar, nomeadamente:

- A limitação da prática de exercício pode intensificar o medo de engordar, aumentando consequentemente as restrições alimentares e comportamentos que tenham como objectivo o controlo do peso;

- A exposição constante à comida de casa, e maior acesso a comidas hipercalóricas pode desencadear com maior facilidade episódios de binge-eating, entre as pessoas com perturbação de comportamento alimentar deste tipo;

- A menor variedade e acessibilidade à comida, e dificuldade, por exemplo, de planeamento das refeições ou de cumprir as refeições idealizadas poderá representar um factor de stress significativo para pessoas com perturbação do comportamento alimentar;

- O isolamento social, já comummente associado a este tipo de patologia, acaba por representar um obstáculo ao funcionamento interpessoal, limitando as interações sociais, interações essas que se demonstram, nestes casos, fundamentais no processo terapêutico (como a exposição do corpo e as refeições em público, por exemplo), contribuindo também para a desvalorização do peso e da forma física;

- Ambientes familiares disfuncionais ou conflituosos podem desencadear um agravamento de alguns sintomas;

- Em pessoas que tenham, para além da perturbação do comportamento alimentar, qualquer outro diagnóstico psiquiátrico – depressão, ansiedade, perturbação obsessivo-compulsiva, perturbação de stress pós-traumático, perturbação de abuso de substâncias… – o stress resultante da situação actual de pandemia pode agravar os sintomas da doença psiquiátrica co-mórbida, contribuindo assim para um agravamento da psicopatologia da perturbação do comportamento alimentar.

Sabemos que este é um período difícil para todos, mas poderá ser particularmente mais custoso e com desafios adicionais para algumas pessoas. Assim, realça-se uma vez mais a importância do reforço do acompanhamento destes indivíduos por telemedicina, de modo frequente e atento, quer pelos médicos de família, quer pelos psiquiatras ou psicólogos, de forma a manter a estabilidade clínica.

Mais se acrescenta que quem se encontra em acompanhamento médico no contexto de uma perturbação do comportamento alimentar não deve, em momento algum, interromper a medicação ou psicoterapia por moto próprio e, em caso de sentir agravamento da ansiedade, tristeza, angústia ou dos comportamentos de tentativa de controlo do peso, deve entrar em contacto com o médico, psicólogo ou psiquiatra assistente. 

 

Mafalda Corvacho

 

Referências:

Brooks, S. K., Webster, R. K., Smith, L. E., Woodland, L., Wessely, S., Greenberg, N., & Rubin, G. J. (2020). The psychological impact of quarantine and how to reduce it: rapid review of the evidence. Lancet, 395(10227), 912-920. doi:10.1016/s0140-6736(20)30460-8

Huremocic, D. (2019). Psychiatry of Pandemics - A Mental Health Response to Infection Outbreak.  Manhasset, NY: The Springer. doi.org/10.1007/978-3-030-15346-5

Gravidez e COVID-19

10.04.20

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A pandemia de COVID-19 coloca uma série de novos e súbitos desafios às grávidas, passíveis de colocar em causa a estabilidade e relativa previsibilidade de um período muitas vezes tão antecipado e vivido de uma forma única.

A Direção Geral de Saúde emitiu, no dia 30 de março, a Orientação número 018/2020 relativa à Gravidez e Parto, que visa informar a readaptação dos Serviços de Saúde à abordagem clínica dos doentes com suspeita e infeção confirmada por SARS-CoV-2 a grupos mais vulneráveis, documento que deve sempre ter precedente quando se procuram fontes fidedignas de informação acerca do impacto da pandemia por COVID-19 nas grávidas.

               Neste documento são elencadas as várias medidas que presidem à orientação e gestão clínica da grávida, durante a gestação, parto e período periparto, nomeadamente com Suspeita ou Confirmação de COVID-19. Neste particular, são implementadas medidas que determinam maior separação e isolamento da grávida quer no seu domicilio, quer no internamento, bem como alterações na Assistência ao Parto.

Previsivelmente, estas medidas, indispensáveis para a proteção de grávida, bebé e restante população e às quais acresce por vezes a necessidade de especial isolamento social (como, por exemplo, quando pensamos em mulheres grávidas profissionais de saúde ou companheiras de profissionais de saúde) vêm acrescentar um grau acrescido de incerteza a um período já de si pautado pela antecipação e pelo stress.

Importa agora reforçar que a saúde mental da grávida deve ser neste momento foco de especial atenção, por forma a minorar o stress suplementar decorrente da situação de distanciamento físico e social e das alterações no processo de acompanhamento da gravidez e Parto geradoras de incerteza, potenciadora de sintomatologia ansiosa.

Neste sentido, a Associação Portuguesa de Internos de Psiquiatria, em colaboração com a ARS-LVT elaborou algum material com recomendações para a gestão de stress na grávida neste momento de pandemia (sendo um exemplo a imagem que ilustra este post).

Reforçamos a importância de manter contacto com os Serviços de Saúde onde é acompanhada, bem como da obtenção de informação por vias fidedignas. O aparecimento de sintomas depressivos e ansiosos cuja gravidade perturba o normal funcionamento deve levar à procura de ajuda especializada, através do seu Médico de Família ou (no caso de já existir acompanhamento prévio por Psiquiatria/Psicologia) do seu Psiquiatra ou Psicólogo .

 

Pedro Frias

Saúde mental, respostas e alertas

09.04.20

A Rádio Renascença emitiu ontem, no programa As Três da Manhã, uma entrevista a Ana Matos Pires, uma das autoras deste espaço, que está agora disponível online e pode ser lida (e ouvida) em dois links diferentes. 

Ana Matos Pires assume que uma situação "tão inesperada, tão estranha" como esta, que afeta "todas as áreas" da vida das pessoas, "é um grande potenciador da perturbação do funcionamento mental". Num país que já tem um particular problema com doenças mentais e excesso de toma de ansiolíticos, como Portugal, o caso ainda mais grave se torna.

Não queremos deixar de chamar a atenção para as Linhas de Apoio que estão a surgir um pouco por todo o país. 

"É muito importante que surjam respostas de apoio psicológico e quanto mais próximas da comunidade estiverem, melhor. Agora, tem de haver articulação destas estratégias. As linhas são muito importantes, mas tem de haver uma interligação. O SNS tem uma resposta na área da saúde mental, que está, de resto, plasmada em legislação. Os serviços locais de saúde mental estão organizados, juntamente com os cuidados de saúde primários, para dar resposta a esta crise. O que peço é que todas as pessoas e instituições que queiram iniciar uma linha de apoio psicológico interliguem-se para tentarmos arranjar um fluxograma que não implique as idas às urgências", alertou.

(...) também avisou para os "riscos de pessoas não treinadas ou com más intenções iniciarem este tipo de resposta". "As linhas são importantes, mas tem de haver uma interligação", rematou.

Na estrada e na saúde, cuidado com as curvas...

08.04.20

Os últimos dados Covid-19 em Portugal parecem trazer boas notícias. Mas não só.

É essencial relembrar que todos seremos importantes para manter o rumo certo. A missão tem sido incansavelmente repetida: "achatar a curva".

O maior perigo para os nossos hospitais é a sua sobrecarga simultânea, nomeadamente dos cuidados intensivos.

É por isso essencial seguir as orientações do governo e autoridades, impedindo picos de utilização e dando mais tempo aos nossos serviços de saúde.

 

Nuno Madeira

Saúde mental. "O outro estado de emergência, aqui, na nossa cabeça "

06.04.20

O Diário de Notícias,  à imagem do que começa a ser feito em inúmeros jornais por esse mundo fora (e também em Portugal), dedica hoje um extenso trabalho à saúde mental em tempos de pandemia. Vale a pena ler o texto. 

"Ao fim de 15 dias de confinamento devido à pandemia de covid-19, os efeitos do afastamento social que atinge uma parte considerável da população começam a fazer-se sentir. Que consequências poderão estas medidas trazer em termos de saúde, mental e não só?"

O Impacto da Pandemia na Saúde Mental

05.04.20
A pandemia COVID-19 apresenta enormes desafios para a nossa sociedade. Sendo certo que o impacto negativo da pandemia na saúde mental será muito significativo, importa identificar os principais fatores de risco e de proteção bem como monitorizar aqueles que se encontram em maior risco de desenvolverem doença psiquiátrica ou agravarem situações de doença já estabelecida. É urgente e necessário garantir que as pessoas que sofrem de doença psiquiátrica e aqueles que se encontram em situações de maior vulnerabilidade mantêm o necessário apoio, embora com recurso a meios diferentes que privilegiam o contacto digital.

Neste sentido, um grupo de investigadores da Escola de Medicina da Universidade do Minho desenvolveu um estudo que pretende monitorizar a saúde mental de um conjunto alargado de pessoas e descrever os principais impactos da pandemia. O jornal Público, num excelente trabalho da jornalista Isabel Salema, lançou um olhar sobre o trabalho de investigação que está a ser feito, dando conta dos principais estudos que foram produzidos a nível internacional desde o início da pandemia.

Pedro Morgado

Porque informar e estar informado é fundamental (II)

05.04.20

Continuando a conversa aqui iniciada.

Como é que isto se processa no terreno?

Existe um Gabinete Regional de Crise em cada ARS, que integra o Coordenador Regional da Saúde Mental da respetiva ARS, e que foi responsável pela ativação da resposta de Saúde Mental no SNS.

Em cada Serviço Local de Saúde Mental (SLSM) e nos dois hospitais psiquiátricos do país existe um Núcleo Local de Resposta do SLSM, constituído por um médico psiquiatra, um psicólogo, um enfermeiro especialista em saúde mental e um assitente social.

Em cada Agrupamento de Centros de Saúde (ACeS) existe um Núcleo Local de Resposta dos CSP, constituído pelo Diretor Executivo, Presidente do Conselho Clínico e de Saúde, Delegado de Saúde, um médico de Medicina Geral e Familiar, um psicólogo, um enfermeiro e um assitente social.

Todas as pessoas que integram os Núcleos Locais, nos CSP e nos SLSM, fizeram uma formação em primeiros cuidados psicológicos, posteriormente replicada a profissionais dos diferentes centros de saúde que constituem o ACeS. Nalguns sítios esta formação também foi feita a pontos focais de estruturas da comunidade, nomeadamente autarquias.

A formação obedeceu a um modelo bem determinado e validado pela Organização Mundial de Saúde e pelo Programa Nacional para a Saúde Mental, adaptado à atual situação.

Vamos a um exemplo prático.

Estou em casa e sinto-me muito ansiosa ou angústiada, por exemplo, ou percebo que um familiar não está bem.

Devo ligar para o meu centro de saúde a explicar a situação e um técnico de saúde, com formação na área, ouve-me e fala comigo. Feita a avaliação da situação o profissional dos CSP (1) ajuda-me e a situação fica resolvida ou (2) determina que eu preciso ser avaliada pelo SLSM e, nesse caso, pede-me um contacto e informa-me que irei ser contactada por um psicólogo ou psiquiatra do SLSM.

O telefone toca e eu atendo o profissional de saúde mental, que faz a avaliação da situação e determina que (1) o caso ficou resolvido e despede-se de mim, (2) devo ser encaminhada para uma consulta de psicologia, ou (3) devo ser encaminhada para uma consulta de psiquiatria, ou (4) devo ser encaminhada para a urgência psiquiátrica.

Se fui encaminhada para uma consulta de psicologia ou de psiquiatria sou informada do dia e da hora em que serei, de novo, contactada por um psicólogo ou um psiquiatra do SLSM.

Se fui encaminhada para a urgência devo deslocar-me presencialmente à urgência psiquiátrica do meu hospital de referência.

Se se tratar de uma criança o percurso é o mesmo e a resposta, no SLSM, é dada por um profissional com formação específica para crianças e adoelescentes – psicólogo ou médico de psiquiatria da infância e da adolescência.

(cont)