Gravidez e COVID-19
A pandemia de COVID-19 coloca uma série de novos e súbitos desafios às grávidas, passíveis de colocar em causa a estabilidade e relativa previsibilidade de um período muitas vezes tão antecipado e vivido de uma forma única.
A Direção Geral de Saúde emitiu, no dia 30 de março, a Orientação número 018/2020 relativa à Gravidez e Parto, que visa informar a readaptação dos Serviços de Saúde à abordagem clínica dos doentes com suspeita e infeção confirmada por SARS-CoV-2 a grupos mais vulneráveis, documento que deve sempre ter precedente quando se procuram fontes fidedignas de informação acerca do impacto da pandemia por COVID-19 nas grávidas.
Neste documento são elencadas as várias medidas que presidem à orientação e gestão clínica da grávida, durante a gestação, parto e período periparto, nomeadamente com Suspeita ou Confirmação de COVID-19. Neste particular, são implementadas medidas que determinam maior separação e isolamento da grávida quer no seu domicilio, quer no internamento, bem como alterações na Assistência ao Parto.
Previsivelmente, estas medidas, indispensáveis para a proteção de grávida, bebé e restante população e às quais acresce por vezes a necessidade de especial isolamento social (como, por exemplo, quando pensamos em mulheres grávidas profissionais de saúde ou companheiras de profissionais de saúde) vêm acrescentar um grau acrescido de incerteza a um período já de si pautado pela antecipação e pelo stress.
Importa agora reforçar que a saúde mental da grávida deve ser neste momento foco de especial atenção, por forma a minorar o stress suplementar decorrente da situação de distanciamento físico e social e das alterações no processo de acompanhamento da gravidez e Parto geradoras de incerteza, potenciadora de sintomatologia ansiosa.
Neste sentido, a Associação Portuguesa de Internos de Psiquiatria, em colaboração com a ARS-LVT elaborou algum material com recomendações para a gestão de stress na grávida neste momento de pandemia (sendo um exemplo a imagem que ilustra este post).
Reforçamos a importância de manter contacto com os Serviços de Saúde onde é acompanhada, bem como da obtenção de informação por vias fidedignas. O aparecimento de sintomas depressivos e ansiosos cuja gravidade perturba o normal funcionamento deve levar à procura de ajuda especializada, através do seu Médico de Família ou (no caso de já existir acompanhamento prévio por Psiquiatria/Psicologia) do seu Psiquiatra ou Psicólogo .
Pedro Frias